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Fragilidade e cirrose hepática

Atualizado em: 13/11/2023
Tempo de Leitura: 4 minutos
Sumário

Definição de fragilidade

Fragilidade é definida como um estado de diminuição das reservas fisiológicas do indivíduo e aumento da vulnerabilidade a agressões a saúde, que predispõe os indivíduos a desfechos clínicos desfavoráveis. Ela desenvolve-se caracteristicamente em pacientes idoso e mais precocemente em pacientes com doenças crônicas debilitantes.

A fragilidade é uma síndrome com diversos componentes, físico, psicológico, social e ambiental. O aspecto físico é indicado pela sarcopenia, redução da função física, redução capacidade aeróbica e limitações físicas.

A fragilidade caracteriza-se por um estado de maior vulnerabilidade do indivíduo a estressores que os predispõe a desfechos clínicos desfavoráveis. Desenvolve-se com grande frequência em pacientes cirróticos com comprometimento da função hepática e indicação de transplante de fígado. A sua identificação e intervenção precoce são associados com melhores resultados do transplante e melhora da sobrevida dos pacientes.

Neste artigo, vamos explorar a fragilidade dentro do contexto da cirrose hepática com comprometimento de função significativo do órgão e indicação de transplante de fígado, uma doença crônica do fígado, incluindo o que é, quais as causas, como é o tratamento e como preveni-la. Leia até o final e saiba mais!

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Fragilidade na cirrose hepática

Estima-se que até 43% dos pacientes com cirrose apresentam fragilidade. A fragilidade em pacientes com doença hepática crônica deriva de fatores associados com o comprometimento da função hepática, como disfunção de síntese proteica, toxicidade muscular associada com a amônia, e falta de atividade física pela encefalopatia hepática. Desta forma, nestes pacientes a fragilidade é caracterizada pelo seu componente físico.

Vale destacar que a fragilidade em pacientes com cirrose hepática candidatos a transplante hepático é associada com um risco aumentado de piores desfechos clínicos, de óbito e dependência após o transplante.

Avaliação da fragilidade na cirrose

Os testes mais utilizados para a avaliação da fragilidade física em pacientes com cirrose são o The Fried Frailty Index, the Clinical Frailty Scale (CFS), e o Liver Frailty Index (LFI). Porém, outros testes também podem ser utilizados assim como combinações.

Intervenções para melhorar a fragilidade

A melhora da fragilidade nesta população baseia-se em dois pilares, ajuste nutricional e prática de exercícios.

Prática de exercícios/ atividade física

Na literatura médica, atualmente, a maioria dos estudos envolve a prática remota (não dentro do hospital) de atividades física supervisionada ou não por um profissional de saúde. Alternativamente, a prática supervisionada dentro de uma unidade de saúde é também utilizada. Isto deve-se não devido ao impacto benéfico do método, mas principalmente a complicadores logísticos, como por exemplo o deslocamento até o hospital e a disponibilidade de espaço no mesmo. Porém, sempre a prática de exercícios precisa ser orientada por um profissional de saúde. Preferencialmente, o fisioterapeuta com formação e experiência na área de transplante e reabilitação é o profissional indicado para orientar esta atividade assim como ajustá-la ao longo do tempo para obter o máximo benefício para o paciente.

Usualmente, a prática de atividades aeróbicas (por exemplo, uma caminhada) de ao menos 2 vezes por semana de intensidade ajustável conforme o grau de fragilidade do paciente com a duração de 30 minutos é recomendada. Exercícios resistidos são também utilizados com frequência em associação com os exercícios aeróbicos.

Fazer esta rotina de exercícios e suplementação nutricional muda a fragilidade?

Sim, a prática de programas regulares de exercícios melhora as taxas de fragilidade de pacientes cirróticos. Ainda, de forma mais importante, hoje já há evidência científica demonstrando que a prática melhora os resultados dos pacientes após o transplante. Melhoras como a redução do tempo de internação, redução da necessidade de reinternação e aumento da taxa de sobrevida são reportadas.

Conclusões finais

A fragilidade é uma condição clínica que afeta negativamente os resultados de pacientes cirróticos em fila de transplante de fígado. A prática de exercícios físicos orientados por profissional de saúde nesta população melhora a condição e sua sobrevida, sendo, portanto, uma intervenção fundamental e necessária.

Porém, deve-se atentar a necessidade de uma avaliação médica pormenorizada para avaliar os riscos e contraindicações da prática de exercícios nesta população. Após, a orientação da frequência, intensidade, tipo e duração dos exercícios bem como o seguimento e ajuste destes parâmetros deve ser feito periodicamente por um profissional fisioterapeuta especializado na área.

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Referência

Loschi TM, Baccan MDTA, Della Guardia B, Martins PN, Boteon APCS, Boteon YL. Exercise training as an intervention for frailty in cirrhotic patients on the liver transplant waiting list: A systematic review. World J Hepatol 2023; 15(10): 1153-1163 [DOI: 10.4254/wjh.v15.i10.1153]

Foto Dr Yuri Boteon
Dr. Yuri Boteon
CRM: 144.829/SP
RQE: 56131 - Cirurgia Geral
Cirurgião da Equipe de Transplante de Fígado da Rede D’or. Professor da Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein e do Departamento de Cirurgia da Universidade Santo Amaro.

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