Nódulos hepáticos benignos
Sumário
Nódulos hepáticos benignos são massas ou lesões císticas não cancerígenas que se formam no fígado. Eles são geralmente assintomáticos e não representam uma ameaça à saúde. O tratamento é frequentemente desnecessário, a menos que os nódulos causem sintomas ou aumentem de tamanho. Conheça os diferentes tipos!
O que são nódulos hepáticos benignos?
Os nódulos hepáticos benignos são crescimentos anormais no fígado que geralmente não são cancerígenos e não representam um risco significativo à saúde.
Por outro lado, os nódulos hepáticos malignos são tumores cancerígenos que se desenvolvem no fígado. O tipo mais comum é o carcinoma hepatocelular, que geralmente ocorre em pessoas com doença hepática crônica, como cirrose ou infecção crônica pelo vírus da hepatite B ou C.
Os nódulos hepáticos benignos podem ser sólidos ou císticos e são classificados de acordo com a origem: (1) adenoma e hiperplasia nodular focal têm origem hepatocelular; (2) cistos hepáticos simples, cistoadenomas e doença policística se originam do epitélio biliar; e (3) hemangioma tem origem do tecido mesenquimal.
A grande maioria destes nódulos são encontrados incidentalmente em exames de imagem e, portanto, são assintomáticos. Por isso, o mais importante é realizar exames médicos adequados para determinar corretamente a natureza dos nódulos hepáticos e decidir com segurança sobre o melhor plano de tratamento. Isto porque apesar de benignos, alguns nódulos apresentam risco de malignização e/ou sangramento e podem necessitar de tratamento especializado.
Nódulos hepáticos benignos sólidos
Hemangiomas
Os hemangiomas são os nódulos hepáticos benignos mais comuns. Eles são compostos de múltiplos vasos sanguíneos forrados por uma única camada de células endoteliais dentro de um fino e fibroso estroma.
Eles são considerados malformações vasculares congênitas ou hamartomas. Usualmente são lesões assintomáticas de achado incidental. Podem estar presentes de maneira solitária ou múltipla. O hemangioma gigante é aquele com tamanho maior ou igual a 10 cm.
No ultrassom estes nódulos hepáticos benignos são vistos usualmente como um nódulo hiperecogênico com sombra acústica posterior. Outras lesões podem ser semelhantes, por isso muitas vezes exames de imagem mais específicos como tomografia computadorizada ou ressonância magnética são recomendados.
Pacientes com dor ou sintomas indicativos de compressão extrínseca devem ser considerados candidatos para ressecção cirúrgica. Uma vez estabelecido o diagnóstico, não há necessidade de acompanhamento de pacientes assintomáticos com hemangiomas pequenos.
Monitoramento conservador durante a gravidez é aconselhável para pacientes com tumores grandes, mas a presença de hemangioma hepático não é contraindicação ao uso de hormônios para contracepção.
Esses nódulos hepáticos benignos, os hemangiomas, podem raramente aumentar em tamanho ou desenvolver raras complicações como ruptura ou sangramento, mas não tem potencial para virar câncer.
Hiperplasia Nodular Focal
A hiperplasia nodular focal é um nódulo hepático benigno que tem como característica principal uma escara central com septos irradiando, ou seja, é uma formação de tecido hepático hiperplásico subdividido em nódulos por septos fibrosos que podem formar cicatrizes estreladas.
Ela é a segunda lesão hepática benigna mais comum, sendo mais prevalente em mulheres entre 20 e 60 anos. Usualmente a lesão é assintomática e ocorre como achado incidental de exames. Sua associação com estrógeno é controversa e menos evidente. Não é associada com complicações como sangramento ou risco de câncer.
O diagnóstico pelo ultrassom deve ser confirmado por tomografia computadorizada ou ressonância magnética, porém, se não há escarra central e/ou há dúvidas, o uso de contrastes específicos para o fígado pode ajudar a diferenciar essa condição de adenomas. Isto é bastante relevante já que as duas lesões apresentam desfechos clínicos e tratamentos diferentes.
Quando confirmado o diagnóstico de hiperplasia nodular focal, não há tratamento específico necessário e o paciente pode ser acompanhado com exames de imagem.
Adenoma hepatocelular
O adenoma hepatocelular é um nódulo hepático benigno incomum, sendo mais frequente em mulheres entre 20 e 44 anos. Geralmente esta lesão está associada com o uso de pílulas anticoncepcionais contendo estrogênio e o uso de esteroides anabolizantes, sendo que sua descontinuação pode resultar em regressão da lesão.
Essa lesão é usualmente assintomática e de bom prognóstico, porém existe potencial de malignização e sangramento. Ainda, é classificada em 3 subtipos: adenoma hepatocelular inflamatório, adenoma hepatocelular com ativação de beta-catenina e adenoma hepatocelular com mutação HNF-1.
Em 80% dos casos, os adenomas são lesões únicas. A ruptura pode ocorrer em até 30% dos casos, e muitas vezes está associada com o tamanho da lesão maior do que 5 cm, subtipo inflamatório e gravidez (pode aumentar de tamanho durante a gestação).
A malignização desse nódulo hepático benigno pode ocorrer em até 8% das vezes e está associada também com tamanho da lesão maior que 5 cm e em homens.
Para o diagnóstico é necessário ressonância magnética, sendo que muitas vezes pode ser necessário o uso de contrastes específicos para o fígado que vão auxiliar no diagnóstico diferencial destas lesões com hiperplasia nodular focal.
De maneira geral todos os pacientes com essa lesão devem suspender o uso de medicações baseadas em estrogênio ou esteroides e o tratamento se baseia em: sintomatologia, tamanho da lesão, progressão da lesão em seguimento ou complicações relacionadas, como sangramento ou transformação maligna.
Mulheres com lesões > 5 cm em idade fértil é preferível ressecar antes da gravidez e em homens, recomenda-se ressecar sempre pelo risco de malignização, independentemente do tamanho. Nos pacientes que não houver indicação cirúrgica o acompanhamento dessas lesões é mandatório.
Nódulos hepáticos benignos císticos
Cistos hepáticos simples
Os cistos hepáticos simples são nódulos hepáticos benignos compostos de um líquido claro que não se comunicam com a via biliar intra-hepática.
São mais comuns em mulheres e geralmente são localizados no lobo direito do fígado. Cistos grandes podem causar sintomas inespecíficos como desconforto abdominal e náuseas e muitas vezes levam a uma atrofia do parênquima adjacente.
O exame de ultrassom é adequado para avaliação inicial desses nódulos hepáticos benignos já que o diferencia de outras lesões císticas do fígado que precisam de investigação mais precisa e detalhada.
Em termos de tratamento, cistos simples assintomáticos não requerem tratamento ou acompanhamento por imagem se achados de maneira incidental.
A presença de sintomas (por exemplo: hemorragia espontânea, ruptura para cavidade intraperitoneal ou para dentro das vias biliares, compressão das vias biliares intra-hepáticas, entre outros) ou aumento de tamanho de cistos hepáticos são fatores de atenção para melhor avaliação da lesão pela possibilidade de serem lesões pré-malignas ou malignas e/ou potencialmente necessitarem de tratamento cirúrgico.
Cistos hidáticos
Os cistos hidáticos são lesões císticas hepáticas causadas por infecção pelo Echinococcus granulosus.
Geralmente esses nódulos hepáticos benignos são uma infecção adquirida na infância ou adolescência e que ficam latentes por muitos anos, sendo assim assintomáticos, porém quando causam sintomas geralmente são por efeito compressivo ou obstrução das vias biliares intra-hepáticas do fígado.
O diagnóstico é feito através de uma associação de dados epidemiológicos e sintomatologia clínica com exames de imagem e sorologia específica para o Echinococcus.
O tratamento e manejo desta doença pode requerer não só medicações, como também procedimentos de aspiração e injeção de substâncias nas lesões e/ou cirurgia.
Cistoadenomas
Os cistoadenomas são nódulos hepáticos pré-malignos, porém correspondem a apenas 5% das lesões císticas hepáticas. Grande parte dessas lesões são descobertas de maneira incidental.
Geralmente são lesões irregulares e se caracterizam pela presença de septações internas e calcificações que se destacam nos exames de imagem contrastados.
O tratamento é cirúrgico e deve ser realizado prontamente já que é descrito até 15% de transformação maligna nestas lesões.
O que fazer após ser diagnosticado com um nódulo hepático benigno?
Em todos os casos, é importante seguir as orientações de um médico especialista. Muitas vezes, o nódulo benigno não requer tratamento específico, apenas acompanhamento regular para monitorar seu tamanho e características.
O médico pode solicitar exames periódicos, como ultrassonografias ou ressonâncias magnéticas, para avaliar a progressão do nódulo.
Além disso, é fundamental adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares e evitar o consumo excessivo de álcool.
Em caso de dúvidas ou sintomas incomuns, é importante entrar em contato com o médico para uma avaliação mais detalhada.