Câncer primário do fígado (hepatocarcinoma)
Sumário
O câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) é um tumor maligno que se desenvolve das células do fígado. É uma condição grave, frequentemente associada à cirrose hepática e à hepatite viral. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar o prognóstico do paciente. Saiba mais!
O que é o câncer primário do fígado (hepatocarcinoma)?
O câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) é um tipo de câncer que se origina das células do fígado. É considerado um dos cânceres mais agressivos e letais, com uma alta taxa de mortalidade.
O hepatocarcinoma é mais comum em áreas onde a hepatite B é endêmica, como no sudeste asiático e partes da África. No entanto, sua incidência está aumentando globalmente devido a fatores como hepatite crônica, cirrose hepática e a doença hepática gordurosa não alcoólica.
A gravidade do câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) se deve ao seu rápido crescimento, capacidade de invasão dos tecidos circundantes e alta taxa de metástase para outros órgãos.
Como se desenvolve o câncer primário do fígado (hepatocarcinoma)?
O desenvolvimento do câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) geralmente está associado a condições crônicas do fígado, que causam danos no órgão, inflamação crônica e cicatrização do tecido hepático.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do hepatocarcinoma incluem:
- Cirrose hepática: a cirrose é uma condição em que o tecido hepático saudável é substituído por tecido cicatricial; a presença de cirrose aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de hepatocarcinoma
- Hepatite crônica B e C: a infecção crônica pelos vírus da hepatite B ou C está associada ao desenvolvimento de hepatocarcinoma; esses vírus causam inflamação crônica do fígado, aumentando o risco de transformação maligna
- Consumo excessivo de álcool: o consumo crônico e excessivo de álcool pode levar à cirrose hepática e aumentar o risco de hepatocarcinoma
- Esteato-hepatite não alcoólica (EHNA): é uma forma severa da Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA), que se inicia do espectro da esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado); pode progredir para cirrose e aumentar o risco de hepatocarcinoma
- Outros fatores de risco: obesidade, diabetes, exposição a toxinas hepáticas, doenças genéticas do fígado e uso de certos medicamentos
É essencial identificar os fatores de risco e realizar exames de rastreamento em pacientes de alto risco para detectar precocemente o câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) e iniciar o tratamento.
Quais os sintomas do câncer primário do fígado (hepatocarcinoma)?
O câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) pode apresentar diversos sintomas, que podem variar de acordo com o estágio da doença e a extensão do tumor, como:
- Dor abdominal: pode ocorrer dor ou desconforto na região do abdome, principalmente na área do fígado
- Perda de peso não intencional: o paciente pode experimentar uma perda de peso significativa sem motivo aparente
- Fadiga e fraqueza: sentir-se cansado ou fraco pode ser um sintoma comum do hepatocarcinoma
- Distensão abdominal: o fígado aumentado devido ao tumor pode causar inchaço
- Icterícia: coloração amarelada da pele e dos olhos
- Náuseas e vômitos: podem ocorrer como resultado da obstrução dos ductos biliares ou de uma função hepática comprometida
- Mudanças na função hepática: que geram anormalidades nos exames de sangue, como aumento dos níveis de enzimas hepáticas e bilirrubina
- Sintomas relacionados à doença hepática subjacente: como ascite (acúmulo de líquido no abdômen) e encefalopatia hepática (comprometimento do funcionamento cerebral devido a problemas hepáticos)
Nem todos os pacientes com câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) apresentam sintomas no estágio inicial da doença. Por isso, exames de rastreamento regular são fundamentais para detectar precocemente.
Como é feito o diagnóstico do câncer primário do fígado (hepatocarcinoma)?
O diagnóstico do câncer primário do fígado (hepatocarcinoma), envolve uma combinação de exames clínicos, de imagem e laboratoriais, como:
- Exames de sangue: como níveis de marcadores tumorais, como alfa-fetoproteína (AFP)
- Ultrassonografia abdominal: é frequentemente o primeiro exame de imagem realizado para detectar massas no fígado e fornecer informações preliminares sobre a localização e o tamanho do tumor
- Tomografia computadorizada ou ressonância magnética com contraste endovenoso: podem fornecer informações sobre o tumor, sua extensão e possíveis metástases em outros órgãos. Em pacientes com cirrose hepática, aspectos característicos nestes exames de imagem (como a hipervascularização arterial e lavagem rápida do contraste radiológico na fase portal do exame) já podem ser diagnósticos da condição.
- Biópsia hepática: em alguns casos, uma biópsia da lesão no fígado pode ser necessária para confirmar o diagnóstico de hepatocarcinoma
Além desses métodos, outros exames complementares, como arteriografia hepática, cintilografia e PET-CT, podem ser realizados em casos específicos.
Como é o tratamento do câncer primário do fígado (hepatocarcinoma)?
O tratamento do câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) depende de vários fatores, como o estágio da doença, a extensão do tumor, a saúde geral do paciente e a presença de cirrose hepática. São algumas opções de tratamento utilizadas:
- Ressecção cirúrgica: se o tumor estiver localizado apenas no fígado e o paciente estiver em condições de saúde adequadas, a remoção cirúrgica do tumor pode ser considerada
- Transplante de fígado: em casos selecionados, em que o tumor é pequeno e a função hepática está comprometida devido à cirrose, o transplante de fígado pode ser uma opção ao retirar o tumor e o órgão doente, que continua apresentando o risco de desenvolver um outro tumor
- Ablação por radiofrequência (RFA) ou microondas (MWA) e procedimentos de destruição tumoral: envolve a utilização de ondas de radiofrequência para destruir o tumor; outros procedimentos, como a crioterapia (congelamento) ou a injeção de álcool no tumor (etanolização), também podem ser utilizados para destruir as células cancerígenas
- Radioterapia e quimioterapia: utilizam a radiação de alta energia e medicamentos específicos, respectivamente, para destruir as células cancerígenas
- Terapia-alvo e imunoterapia: envolvem o uso de medicamentos específicos que visam ações específicas nas células cancerígenas ou estimulam o sistema imunológico a combater o câncer
A escolha do tratamento do câncer primário do fígado (hepatocarcinoma) dependerá de uma avaliação individualizada e do trabalho em equipe de profissionais de saúde especializados, como cirurgiões hepatobiliares, oncologistas, radiologistas-intervencionistas.
É importante discutir todas as opções e possíveis efeitos colaterais com o médico para determinar o plano de tratamento mais adequado para cada paciente.